Para estabelecer supostas ligações entre corrupção e o submundo do crime no Brasil, Kohn se valeu de uma gama bem diversificada de personagens e de imagens fortes, que mostram desde a milionária indústria de carros blindados do país até um vídeo pertencente à polícia no qual se vê uma vítima de seqüestro tendo sua orelha arrancada por um seqüestrador. Ele ouve o ex-presidente do Senado, Jader Barbalho, acusado de ter usado um centro de criação de rãs como forma de ocultar um desvio bilionário de verbas, o cirurgião plástico Juarez Avelar, que ganhou renome mundial ao desenvolver técnicas para restituir orelhas decepadas, e um assassino e seqüestrador que se apresenta sob a alcunha de Magrinho e relata seus crimes com frieza. O diretor, de 23 anos, nasceu em Nova York e é filho de uma paulistana e de um empresário argentino radicado em São Paulo. Ele fala português, ainda que, modestamente, não se julgue fluente, e visitou o país em inúmeras ocasiões. Segundo o diretor, o filme não é de forma alguma jornalístico. O escândalo de corrupção que o filme mostra foi levantado há anos pela imprensa brasileira. E ele visa mostrar que seja no Brasil ou em outra parte do mundo, roubar bilhões de pessoas que não têm nada é um ato de uma violência extraordinária. A diretora de fotografia do longa, Heloísa Passos, também foi premiada em Sundance. “Mas não é só isso. É também um filme importante de ser visto pelos brasileiros”, diz o diretor. O diretor afirma, no entanto que, por enquanto, não é possível exibir o longa no Brasil, por motivos que prefere não mencionar, mas que estão ligados ao conteúdo explosivo do longa metragem. É ver para crer!
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